A PARTICIPAÇÃO E O CONTROLE SOCIAL NAS POLÍTICAS PARA AS MULHERES: DESAFIOS POSTOS PARA A GESTÃO PÚBLICA

Autores

  • Maria Elisa Almeida Brandt
  • Carla de Paiva Bezerra

Resumo

Este artigo pretende discutir alguns aspectos que desafiam a participação e o controle social sobre as políticas públicas para as mulheres, sob a perspectiva da gestão. Endereçaremos as seguintes questões: De que maneira dinâmicas participativas como as conferências de políticas para as mulheres e a atuação do Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres se inserem no cotidiano da gestão pública? Quais as características dos instrumentos de planejamento e gestão atuais e seu impacto na construção de políticas públicas para mulheres?

A decisão da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) de destinar grande parte de seu esforço a práticas horizontais e participativas de gestão se explica, em parte, por mudanças de ênfase nos significados do conceito de transversalidade, entre pessoas envolvidas na implementação da “transversalidade de gênero” nas políticas públicas. Contudo, a escolha de um comitê multissetorial como estratégia central se demonstrou insuficiente frente aos desafios da implementação de uma política transversal.

Nesse sentido, apontamos desafios a serem enfrentados para alterar as práticas de gestão da política para as mulheres no contexto das atitudes e mentalidades típicas na administração pública. Defendendemos que medidas de gestão de pessoas nas organizações são prioritárias para a concretização de uma política antissexista.

Biografia do Autor

Maria Elisa Almeida Brandt

Doutora em Sociologia pela USP (2004), mestre em Antropologia Social pela Unicamp (1998). Atuou como técnica na Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (SECADI/MEC) na articulação interinstitucional em torno dos temas Gênero e Educação para os Direitos Humanos, entre 2004 e 2008. Atualmente é Especialista em Políticas Públicas do Governo do Estado de São Paulo.

Carla de Paiva Bezerra

Mestranda em Ciência Política pela USP e Bacharel em Direito pela UnB (2007).

É Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Governo Federal (EPPGG-MPOG).

Referências

Echebarr ía Ariz nabarreta , Koldo. Capital social, cultura

organizativa y transversalidad en la gestión pública. In: VI Congreso

Internacional Del CLAD sobre la Reforma del Estado y la Administración Pública.

Buenos Aires, Argentina: nov 2001.

ARTICULAÇÃO DE MULHERES BRASILEIRAS. Articulando a luta

feminista nas políticas públicas. Desafios para a ação do movimento na

implementação das políticas. Brasília: AMB, 2009.

BANDEIRA, Lourdes. Fortalecimento da Secretaria Especial de Políticas para as

Mulheres. Avançar na transversalidade da perspectiva de Gênero nas Políticas

Públicas. Convênio Comissão Econômica para América Latina e Caribe – CEPAL/Secretaria Especial de Política para as Mulheres. Brasília: CEPAL/

SPM, 2005.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Plano plurianual

-2007: mensagem presidencial. Brasília : MP, 2003.

______. Presidência da República. Secretaria Especial de Políticas para as

Mulheres. Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Brasília: SPM, 2004a.

______. Presidência da República. Secretaria Especial de Políticas para as

Mulheres. Anais da I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres. Brasília:

SPM, 2004b.

______. Presidência da República. Secretaria Especial de Políticas para as

Mulheres. II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Brasília: SPM, 2008.

______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Plano plurianual

/2011: manual de avaliação. Exercício de 2010, ano base 2009. Brasília, MP,

a.

______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Manual técnico

do orçamento 2011. Brasília: MP, 2010. Disponível em: https://www.portalsof.

planejamento.gov.br/ bib/ MTO/ mto_5_Versao_1.pdf. Acesso: 10 jul 2011.

______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Plano Plurianual

-2015: projeto de lei. Brasília: MP, 2011a.

______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Plano Plurianual

-2015: Anexo I. Brasília: MP, 2011b.

CAVENAGHI, Suzana. Gênero e Raça no Ciclo Orçamentário e Controle

Social das Políticas Públicas. In: Indicadores de gênero e de raça no PPA 2008-

Brasília: CFEMEA, 2008.

CAVIEDES, Elizabeth Guerreiro. Violencia contra las mujeres en America

Latina y el Caribe Español 1990-2000: Balance de una decada. Disponível em:

<http://www.isis.cl/ temas/ vi/ balance/ INFORME%20FINAL11.doc>.

FARAH, Marta Ferreira Santos. Gênero e políticas públicas. Estudos

Feministas, Florianópolis, 12 (1): 47-71, jan-abril 2004.

GURZA LAVALLE, Adrian; HOUTZAGER, Peter; ACHRYA, Arnab.

Lugares e atores da democracia: arranjos institucionais participativos

e sociedade civil em São Paulo. In: COELHO, Vera Schattan; NOBRE,

Marcos (orgs.). Participação e Deliberação: Teoria Democrática e Experiências

Institucionais no Brasil Contemporâneo. São Paulo: Editora 34, 2004.

IPEA. Avanços e desafios da transversalidade nas políticas públicas federais

voltadas para minorias. In: Brasil em desenvolvimento: Estado, planejamento e

políticas públicas. v. 3. Brasília: IPEA, 2009.

IZUMINO, Wânia Pasinato. Justiça e violência contra a mulher: o papel do

sistema Judiciário na solução dos conflitos de gênero. 2. ed. São Paulo:

Annablume/FAPESP, 2004.

JANN UZZI, Paulo Martino. M. Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fonte

de dados e aplicações. Campinas: Alínea, 2001.

MONTAÑO, Sônia; PITANGUY, Jacqueline; LOBO, Thereza. As políticas

públicas de gênero: um modelo para armar. O caso do Brasil. Serie Mujer y

Desarollo, 45. Santiago, Chile: jun 2003.

MOORE, Mark. Creating Public Value: Strategic Management in Government.

Cambridge: Harvard University Press, 1995.

OLIVEIRA, Guacira Cesar de; BARROS, Ivônio; SOUZA, Maria Helena

(orgs.). Trilhas feministas na gestão pública. Brasília: CFEMEA/Fundação

Ford/MDG3 Fund, 2010.

PÊCHEUX, Michel. Discurso: estrutura ou acontecimento. Tradução de Eni

Orlandi. Campinas: Pontes, 1990.

PINHEIRO, Luana. Nota Técnica n. 8: Planejamento e financiamento das

políticas para as mulheres: possibilidades para o Plano Plurianual 2012-2015.

Brasília: IPEA. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/ portal/ index.

php?option=com _content&view =article&id =8668&Itemid=9>. Acesso em:

jun. 2011.

POGREBINSCHI, Thammy. Relatório Final da Pesquisa “Entre Participação

e Representação: as conferências nacionais e o experimentalismo democrático

brasileiro”. Brasília: Ministério da Justiça, 2010.

Proulx , Denis.; Machiavelli , Fabiana. La conception de la gestion

par résultats en Amérique latine. Telescope, v. 12, no.3, outono 2005, Québec,

Canada. 42-54. Disponível em: <http://www.enap.ca/ OBSERVATOIRE/

docs/ Telescope/ Volumes12-15/ Telv12n3_ proulx_ machiavelli.pdf>.

Acesso em: 10 abr 2010.

PRZEWORSKI, Adam. Sobre o desenho do Estado: uma perspectiva agente

x principal. In: BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; SPINK, Peter. (Orgs.).

Reforma do Estado e administração pública gerencial. Rio de Janeiro: FGV, 1998.

RUFFNER, Michael. Governing for results. In: VII Congreso Internacional

del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública.

Lisboa, Portugal: out 2002. Disponível em: <http://unpan1.un.org/

intradoc/ groups/ public/ documents/ CLAD/ clad0043704.pdf>. Acesso

em: 10 abr. 2010.

SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani, Muñoz-Vargas, Monica (orgs.).

Mulher brasileira é assim. Rio de Janeiro/Brasília: Rosa dos Tempos-NIPAS/

UNICEF, 1994. p. 151-187.

SERRA, Alberto. Modelo aberto de gestão para resultados no setor público.

Tradução de Ernesto Montes-Bradley y Estayes. Natal: SEARH/RN, 2008.

p. Disponível em: <http://www.repositorio.seap.pr.gov.br/ arquivos/

File/ Estados_ Brasileiros%20/ Rio_ Grande _do _Norte %20/ Livros/

modelo _aberto _de_ gestao _para _resultados _no _setor _publico.pdf>.

Acesso em: 10 abr. 2010.

Publicado

2012-06-30 — Atualizado em 2012-06-30

Versões

Como Citar

Brandt, M. E. A., & Bezerra, C. de P. (2012). A PARTICIPAÇÃO E O CONTROLE SOCIAL NAS POLÍTICAS PARA AS MULHERES: DESAFIOS POSTOS PARA A GESTÃO PÚBLICA. Publicações Da Escola Superior Da AGU, 1(18). Recuperado de https://revistaagu.agu.gov.br/index.php/EAGU/article/view/1592

Edição

Seção

ARTIGOS