O CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE NA JURISPRUDÊNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS E SEUS INFLUXOS NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
DOI:
https://doi.org/10.25109/2525-328X.v.20.n.04.2021.2619Resumo
O objeto do presente artigo consiste em analisar o controle de convencionalidade exercido pela CIDH, abordando sua gênese e evolução histórica, bem como os reflexos internos da jurisprudência dessa Corte, especialmente quanto ao grau e aos parâmetros de vinculação de seus precedentes em relação aos juízes nacionais à luz do entendimento do Supremo Tribunal Federal. Não há, até o momento, na jurisprudência do STF, debates acerca do tema, a despeito do entendimento da CIDH no sentido de que seus pronunciamentos possuem efeitos expansivos e vinculantes para todos os Estados-partes da Convenção Americana de Direitos Humanos, ainda que não tenham figurado no processo. O estabelecimento de parâmetros mínimos acerca do grau de vinculação interna aos precedentes da CIDH, a exemplo do que já realizado pela Corte Constitucional colombiana, é necessário para (a) assegurar aos juízes nacionais e demais operadores jurídicos internos um norte claro a ser seguido, (b) promover a segurança jurídica, evitando casuísmos na seleção dos precedentes internacionais a serem seguidos ou não pela jurisprudência nacional; (c) indicar para a própria CIDH as razões pela aplicação ou não, em cada caso, de determinado precedente, permitindo que a Corte leve em consideração tais fundamentos em futuros julgamentos, para eventualmente alterar sua jurisprudência ou robustecer sua argumentação.
Referências
BATEUP, Christine. The Dialogic Promise: assessing the normative potential of theories of constitutional dialogue. In: Brooklyn Law Review v. 71. New York: Brooklyn Law Review, 2006.
BOGDANDY, A. von; MAC-GREGOR, E. Ferrer; e MORALES, M. Antoniazzi. La justicia constitucional y su internalización: Hacia un Ius constitucionale Commune en América Latina? México: UNAM-Max Planc Institut, 2010.
BRANDÃO, Rodrigo. Supremacia Judicial versus Diálogos Constitucionais: a quem cabe a última palavra sobre o sentido da Constituição? Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
BRASIL, Supremo Tribunal Federal, Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4275, Rel. p/Ac. Min. Edson Fachin, DJe de 7.3.2019.
______, Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4439, Rel. p/Ac. Min. Alexandre de Moraes, DJe de 21.6.2018.
______, Ação Penal nº 470 AgR-vigésimo quinto, Rel. p/ Acórdão: Min. Teori Zavascki, DJe de 17.2.2014.
______, Ação Penal nº 937 QO, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, DJe de 11.12.2018.
______, Extradição nº 1362, Rel. p/Ac. Min. Teori Zavascki, DJe de 5.9.2017, Republicado no DJe de 27.8.2018.
______, Habeas Corpus nº 124.306, Rel. p/Ac. Min. Luís Roberto Barroso, DJe de 17.3.2017.
CARDUCCI, M. O direito comparado das integrações regionais no contexto euroamericano, in BACELLAR FILHO, R.F.; HACHEM, D. Wunder coords., Direito Público no Mercosul: Intervenção estatal, direitos fundamentais e sustentabilidade (Anais do VI Congresso da Associação de Direito Público do Mercosul. Homenagem ao Professor Jorge Luis Salomoni), Belo Horizonte, Editora Forum, 2013, pp. 109-129.
COLOMBIA, Corte Constitucional de Colombia, Sentencia C-327, de 22 de junho de 2016, disponível em: <http://www.corteconstitucional.gov.co/RELATORIA/2016/C-327-16.htm>.
Acesso em: 20 out. 2019.
______, Sentencia C-500, de 16 de julho de 2014, disponível em: .
Acesso em: 20 out. 2019.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, Olmonedo Bustos e outros (“A última tentação de Cristo”) vs. Chile. Julgamento em 5 de fevereiro de 2001. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp-content/ uploads/2016/04/f30eb7942e6ea89e4d2ec4ca870784d3.pdf>. Acesso em: 12set. 2019.
______, Almonacid Arellano y otros vs. Chile. Julgado em 26 de setembro de 2006. Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/ seriec_154_esp.pdf>.
Acesso em: 8 set. 2019.
______, Boyce y otros vs. Barbados. Julgado em 20 de novembro de 2007. Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_169_ esp.pdf>.
Acesso em: 8 set. 2019.
______, Cabrera García vs. México. Julgado em 26 de novembro de 2010. Disponível em: < http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_220_ing.pdf>.
Acesso em 20 out. 2019.
______, Castillo Petruzzi vs. Peru. Julgamento em 30 de maio de 1999. Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_52_ esp.pdf>.
Acesso em: 12 set. 2019.
______, Gelman vs. Uruguai. Julgado em 24 de fevereiro de 2011. Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_221_por.doc>.
Acesso em: 8 set. 2019.
______, Gomes Lund e Outros (Guerrilha do Araguaia) vs. Brasil. Julgado em 24 de novembro de 2010. Disponível em: .
Acesso em: 8 set. 2019.
______, Heliodoro Portugal vs. Panamá. Julgado em 12 de agosto de 2008. Disponível em: < http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_186_ esp.pdf>.
Acesso em 12 set. 2019.
______, La Cantura vs. Perú. Julgado em 29 de setembro de 2006. Disponível em: < http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_162_esp.pdf>.
Acesso em 12 set. 2019.
______, Myrna Mack Chang vs. Guatemala. Julgado em 25 de novembro de 2003. Disponível em: < http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_101_esp.pdf>.
Acesso em: 12 set. 2019.
______, Opinião Consultiva OC-5/85, (La colegiación obligatoria de periodistas), de 13 de novembro de 1985. Disponível em: < http://www. corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_05_esp.doc>.
Acesso em: 20 out. 2019.
______, Trabajadores Cesados del Congreso (Aguado y otros) vs. Peru. Julgado em 24 de novembro de 2006. Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_158_esp.pdf>.
Acesso em 12 set. 2019.
______, Tibi vs. Ecuador, julgado em 7 de setembro de 2004. Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_114_esp.pdf>.
Acesso em: 12 set. 2019.
______, Vargas Areco vs. Paraguai. Julgado em 26 de setembro de 2006, parágrafos 6º e 7º. Disponível em: < http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/ articulos/seriec_155_esp.pdf>.
Acesso em: 19 set. 2019.
GODOY, Miguel Gualano de. Devolver a Constituição ao Povo: crítica à supremacia judicial e diálogos interinstitucionais. Curitiba: Tese (Doutorado em Direito) – Universidade Federal do Paraná, 2015. Disponível em: <http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/39908/R%20-%20T%20%2 0MIGUEL%20 GUALANO%20DE%20GODOY.pdf?sequence=2>.
Acesso em 21 abr., 2020.
MAC-GREGOR, Eduardo Ferrer. Panorámica del Dereceho Procesal Constitucional e Convencional. Madrid: Marcial Pons, 2013, p. 659 e seguintes.
MARINONI, Luiz Guilherne; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira (Coords). Controle de convencionalidade: um panorama latino-americano/ Brasil/ Argentina/Chile/ México/ Peru/ Uruguai. Brasília: Gazeta Jurídica, 1ª ed, 2013.
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. O controle jurisdicional de convencionalidade das leis. 5ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018, ebook.
MENDES, Conrado Hübner. Direitos Fundamentais, Separação de Poderes e Deliberação. São Paulo: Saraiva, 2011.
NEVES, Marcelo. Transconstitucionalismo. São Paulo: WMF Martins Fontes,2009.
______. Transconstitucionalismo, con Especial Referencia a la Experiencia Latinoamericana. In: La justicia constitucoinal y su internalización: hacia un lus constitucionale commune en América Latina? Vol. 2. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2010. Disponível em: <http://biblio.juridicas. unam.mx/libros/6/2895/22.pdf>.
Acesso em 20 set. 2019.
SAGUÉS, Nestor Pedro. El control de convencionalidad en el sistema interamericano y sus anticipos en el ámbito de los derechos económicos-sociales: concordancias e diferencias com ele sistema europeo. 2011. Disponível em: <https://www.pj.gov.py/ebook//monografias/extranjero/derechos-humanos/Néstor-Pedro-Sagués-El-Control-de-Convencionalidad.pdf>.
Acesso em: 12set. 2019.
SCHÄFER, Gilberto et. al. Os controles de convencionalidade tradicional e interamericano: institutos distintos ou duas faces da mesma moeda? In: Revista de Direito Internacional. Brasília, v. 14, n. 3, 2017, pp. 217-243.
SILVA, Virgilio Afonso da. Integração e Diálogo Constitucional na América do Sul. In: BOGDANDY, Armin Von, PIOVESAN, Flavia e ANTONIAZZI, Mariela Morales (coord.). Direitos Humanos, Democracia e Integração Jurídica
na América do Sul. Rio de Janeiro: Lúmen Ju?ris, 2010.
SOUZA NETO, Cláudio Pereira de; SARMENTO, Daniel. Direito Constitucional - Teoria, História e Métodos de Trabalho. Belo Horizonte: Fórum, 2012.
______; ______. Notas sobre jurisdição constitucional e democracia: a questão da “última palavra” e alguns parâmetros de autocontenção judicial. In: Revista Questio Iuris, vol.06, nº 2, p. 119-161. Rio de Janeiro: UERJ, 2013. Disponível em: <https://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/quaestioiuris/issue/ view/814>.
Acesso em: 10 ago. 2019.
TORELLY, Marcelo. Governança Transversal dos Direitos Humanos: Experiências Latino-Americanas. Tese de doutorado em Direito apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, 2016.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 REVISTA DA AGU

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta Revista concordam com os seguintes termos:
- os autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista da AGU o direito de primeira publicação;
- os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta Revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta Revista.